JEAN DIZ TER SIDO ISOLADO NO PT E ALEGA QUE FOI “TACITAMENTE EXPULSO” DA SIGLA
O ex-senador e ex-presidente da Petrobras Jean Paul Prates declarou nesta quarta-feira 23 que considera ter sido “tacitamente expulso do PT”. Em entrevista à 98 FM, Jean disse que chegou a essa conclusão porque não tem sido consultado sobre as estratégias do partido para 2026, apesar de ter ocupado espaços políticos importantes.
“Eu acho que eu, meio que tacitamente, fui expulso, né? Porque você não é chamado para nada, não é consultado para nada…”, disse Jean, lembrando que foi senador, líder da minoria no Congresso e presidente da Petrobras.
Durante a entrevista, Jean criticou a maneira como o PT tem trabalhado a pré-candidatura de Cadu Xavier ao Governo do Estado, classificando a postura como um “caciquismo” do entorno de Fátima Bezerra. Apesar disso, disse que a possível saída do PT depende ainda de uma conversa com a governadora do Estado, pelo fato de ela ter sido a responsável por sua chegada ao PT, em 2013.
“É uma questão de respeito, é o respeito máximo que eu tenho por ela. E a conversa tem uma pergunta só: o que é que o partido quer de mim? Se não tiver nada, eu vou fazer o quê? Então também não tem compromisso”, declarou Jean.
O ex-senador reconheceu que só foi senador e presidente da Petrobras graças ao PT. Mas afirmou que não pode ficar “refém” disso.
“Eu sou muito agradecido ao PT, ao presidente Lula, a Fátima principalmente, por tudo isso. Mas também não vou ficar refém disso, né? Então assim, está quitado. Eu fiz um bom mandato no Senado, entreguei coisas para o Rio Grande do Norte, para o País. E na Petrobras eu não preciso falar nada. Eu entreguei o melhor resultado da história”, concluiu.
Silveira buscou interferir na Petrobras para agradar Lula, diz ex-presidente
Na entrevista à 98 FM, Jean Paul Prates fez críticas ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmando que ele tentou interferir na gestão da estatal com o objetivo de agradar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“O presidente hoje tem total noção do que é a Petrobras e como ela funciona, principalmente após tudo o que aconteceu, como a Lava Jato, as melhorias na governança, a transparência e a atuação nos mercados de ações em Nova York e no Brasil”, afirmou o ex-presidente da estatal.
Ministro Alexandre Silveira (MME). Foto: FABIO RODRIGUES-POZZEBOM / AGÊNCIA BRASIL
Ele rebateu a ideia de que os controles da empresa foram afrouxados após a volta de Lula ao poder: “Não, não flexibilizou. O problema é que algumas pessoas acham que podem fazer coisas que não podem.”
Jean Paul citou diretamente Alexandre Silveira, alegando que o ministro usava informações internas para se antecipar em declarações públicas, pressionando a companhia por mudanças na política de preços. “Ele sabia que não podia, mas forçava a barra. Quando havia uma janela técnica para, por exemplo, reduzir o preço de combustíveis, ele corria para a imprensa dizendo que estava mandando a Petrobras baixar o preço do diesel ou da gasolina”, relatou.
Para evitar problemas com o mercado, Prates conta que era obrigado a suspender decisões em andamento. “Eu imediatamente dizia: suspende o processo e vamos esperar para a semana que vem. Não podíamos cumprir uma ordem direta de ministro.”
O ex-presidente da estatal reforçou que, embora o governo federal seja o controlador da Petrobras, a influência deve ocorrer apenas por meio do Conselho de Administração. “O governo manda na Petrobras? Manda, mas manda de uma certa forma, por meio do conselho. Não é uma relação direta.”
Jean Paul também comentou sua relação pessoal com Silveira, com quem dividiu espaço no Senado. Ele relembrou que ambos chegaram juntos ao Executivo, mas que se surpreendeu com a mudança de postura do ministro. “Apesar de sermos companheiros e termos combinado ações juntos, ele começou a se reconfigurar para agradar muito o presidente. Provavelmente é um jogo político válido.”
Prates disse ainda que perdeu disputas internas no governo, mas afirmou que a condução da estatal seguiu firme dentro da legalidade. “Talvez eu tenha perdido essa batalha, mas nós fizemos um jogo de várias batalhas”, concluiu.