ÔNIBUS ELÉTRICO RECEBE ELOGIOS DE USUÁRIOS EM NATAL

O período de testes para a operação de ônibus 100% elétrico em Natal completou uma semana na terça-feira (29) e, embora o período ainda seja curto, a novidade tem gerado grande expectativa entre os usuários do transporte público da capital. A reportagem da TRIBUNA DO NORTE acompanhou o trajeto da linha N-72, uma das contempladas com o novo veículo. Relatos de passageiros apontam a comodidade e a ventilação como os principais diferenciais do modelo, o que gerou expectativas de uma operação fixa. Os testes seguem até o dia 14 de maio.

De acordo com a Secretaria de Mobilidade Urbana de Natal (STTU), após os testes, os dados serão analisados para uma avaliação final, mas ainda não há um prazo definido para concluir a avaliação. O modelo testado é o Azure A12BR, fabricado pela TEVX Higer, e começou a circular em Natal no dia 22 de abril. O ônibus é equipado com ar-condicionado ecológico com dutos individuais, Wi-Fi, carregadores USB e painéis informativos digitais em tempo real.

Ao entrar na linha que sempre utiliza para ir e voltar do trabalho, a professora Marleide Freitas, de 62 anos, se surpreendeu: “Estou me sentindo no paraíso”. A frase não foi dita à toa, uma vez que a realidade encontrada por ela é bem diferente, com superlotação, calor e infraestrutura sucateada. “De repente, você se depara com uma maravilha dessa e entra num ar-condicionado. Até a questão da estabilidade dele é bem mais confortável, estou encantada”, comentou.

A cuidadora Selma Pereira dos Santos, de 45 anos, também experimentou o ônibus elétrico pela primeira vez. Para ela, o principal desafio do transporte público é o calor devido à ventilação inadequada. Mesmo satisfeita com o conforto, Selma observou que a demanda é alta, principalmente na zona Norte. “Acredito que aqui na zona Norte a demanda é muito grande, então poderia até melhorar o conforto, mas seria necessário uma quantidade maior para surtir efeito. Ele é mega confortável, mas a demanda é alta”, avaliou.

Outro usuário que aprovou o conforto do veículo foi o açougueiro Oswaldo Rodrigues da Silva, de 58 anos, que utiliza a linha N-72 há três anos. “Gostaria que sempre fosse assim. O conforto, o ar-condicionado… Isso é muito bom”, afirmou, sugerindo um esforço maior da Prefeitura para tornar os ônibus elétricos uma realidade permanente.

Além de proporcionar melhorias na qualidade das viagens, o modelo se mostrou favorável também aos motoristas, profissionais que enfrentam jornadas prolongadas na direção dos ônibus, como Paulo Wagner, de 43 anos, que dirige o ônibus elétrico desde o início dos testes. “É tudo diferente, bem confortável, é outro carro. Aqui é melhor, também, porque tem ar-condicionado”, pontuou.

Perspectivas de Implementação

O professor Rubens Ramos, membro da comissão da STTU que avaliará os resultados do período de testes, comparou a mudança do ônibus a diesel para o elétrico ao salto do telefone fixo para a tecnologia 5G. “É um ônibus que tem freio a disco, ABS, suspensão a ar e ar-condicionado que funciona. Além disso, não tem degraus, então as pessoas entram e saem com total conforto”, disse.

Rubens Ramos também destacou a economia de energia e a redução dos impactos ambientais. O ônibus elétrico consome entre 25% e 30% da energia de um modelo a diesel. Embora ainda seja necessário avaliar o consumo de energia por quilômetro e a manutenção da temperatura, pontos positivos, como o bom desempenho do modelo em quebra-molas, já foram observados.

Do ponto de vista técnico, o professor afirmou que não há impeditivos para a implementação dos ônibus elétricos no transporte público de Natal. A Neoenergia Cosern, distribuidora de energia do estado, garantiu que pode fornecer a estrutura elétrica necessária, com tempo curto para instalação. A importação do modelo testado também está disponível.

No entanto, ele alertou para a necessidade de uma engenharia financeira robusta para viabilizar a operação: “Hoje o ônibus elétrico custa cerca de três vezes o valor de um ônibus convencional, mas essa comparação é injusta. O comparativo deve ser feito com um ônibus a diesel similar, que custa cerca de R$ 1,5 milhão”, concluiu.

Fonte: Tribuna do Norte

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