Enquanto muitos países debatem se devem ou não reduzir a jornada de trabalho, um tribunal suíço emitiu uma decisão sem precedentes sobre a definição do que é considerado tempo de trabalho: os funcionários de uma empresa suíça devem marcar ponto sempre que precisam ir ao banheiro. Apesar de entender que é considerado uma necessidade vital, o tribunal não considera que a empresa deva pagar por esse tempo.
A origem da polêmica
Segundo reportagem do canal de televisão suíço RTS, a origem do litígio começou em 2021, quando o Gabinete de Relações e Condições de Trabalho (ORCT), da cidade de Neuchâtel, verificou se as medidas contra a Covid-19 estavam a ser cumpridas na fabricante de mostradores de relógio Jean Singer et Cie, que conta com cerca de 400 funcionários. Os inspetores descobriram que a empresa marcava as entradas e saídas dos funcionários do banheiro e não remuneravam esse tempo.
O ORCT considerou que isto poderia “incentivar os funcionários a reterem-se ou a não se hidratarem, o que poderia levar a graves distúrbios fisiológicos”. Em fevereiro de 2022, o órgão proibiu a Jean Singer desta prática, alegando que “as interrupções de trabalho que satisfaçam necessidades fisiológicas não podem ser consideradas pausas, uma vez que não se destinam à recuperação” e violavam os princípios da Lei do Trabalho Suíça, informou a reportagem da RTS.