BEZERROS GENETICAMENTE EDITADOS NASCEM PELA PRIMEIRA VEZ NO BRASIL

Os primeiros bezerros geneticamente editados com embriões fecundados in vitro nasceram no Brasil. O feito inédito na América Latina foi anunciado pela Embrapa em parceria com a Associação Brasileira de Angus, na terça-feira (13/5).

Ao todo, cinco bezerros da raça Angus nasceram entre o fim de março e o início de abril. Os primeiros resultados indicam sucesso na edição genética em pelo menos dois deles. O sequenciamento genético, realizado pela Embrapa Gado de Leite, em Minas Gerais, confirmou a eficácia da técnica e apontou que os animais editados carregam a característica desejada: pelos curtos e lisos para uma maior resiliência ao calor.

A edição foi realizada com a técnica CRISPR/Cas9, que vem sendo chamada de “melhoramento genético de precisão”. Segundo o pesquisador da Embrapa Luiz Sérgio de Almeida Camargo, a ferramenta foi adaptada pela ciência a partir de um sistema natural encontrado em bactérias.

“O CRISPR/Cas9 funciona como uma espécie de tesoura genética, capaz de editar sequências no DNA de maneira precisa, e que pode ser usada para melhorar a saúde e o bem-estar animal, bem como promover características de interesse econômico“, explica Luiz.

O projeto focou na edição do gene receptor da prolactina, relacionado ao controle da temperatura corporal em bovinos. Segundo a Embrapa, mutações no gene receptor da prolactina provocam o desenvolvimento de pelos mais curtos e lisos, que ajudam a reduzir a temperatura corporal dos animais. Essa característica é natural em algumas raças adaptadas ao clima tropical da América Latina, mas é ausente em raças puras de alta produtividade, como a Angus ou a Holandesa.

Os pesquisadores esperam que esses animais apresentem menor estresse térmico e maior capacidade produtiva e reprodutiva em ambientes quentes e úmidos. Essa adaptação é cada vez mais necessária tendo em vista as mudanças climáticas. “A capacidade de resistir melhor ao calor traz ganhos diretos para o bem-estar dos animais e também para a produtividade, beneficiando os produtores”, destaca Luiz.

As próximas etapas da pesquisa incluem o acompanhamento do crescimento dos animais, a avaliação da performance produtiva e reprodutiva e, especialmente, o estudo da hereditariedade das edições no genoma.

Fonte: Correio Braziliense

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