PRAIA DO SEGREDO VIRA ‘CEMITÉRIO’ DE LIXO ASIÁTICO DESCARTADO POR NAVIOS
Foto: Divulgação/APC CABO DE SÃO ROQUE
A Praia do Segredo, em Natal, conhecida por sua beleza selvagem, tem se transformado em um “cemitério” de lixo asiático. Embalagens de produtos de limpeza, recipientes de óleo de motor e garrafas de bebidas não alcoólicas, fabricados na China, Indonésia, Singapura, Emirados Árabes Unidos, Malásia e Coreia do Sul, são os itens mais comuns encontrados no local. A maioria das embalagens está em bom estado, indicando que foram descartadas recentemente.
Segundo Alexander Turra, professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em poluição marinha, o descarte de lixo por navios é a explicação mais provável para o fenômeno.
“Esses navios transportam pessoas, e essas pessoas consomem produtos que muitas vezes são jogados no mar”, explicou Turra. O transporte marítimo responde por cerca de 90% do comércio global, e a Ásia abriga 20 dos 30 portos mais movimentados do mundo.
O lixo descartado por navios afeta não apenas a Praia do Segredo, mas também outras praias remotas do litoral brasileiro, como Muriú (Ceará-Mirim), Cabo de São Roque (Maxaranguape) e Búzios (Nísia Floresta). Além de prejudicar o turismo, o lixo plástico representa uma ameaça à vida marinha. “Animais podem morrer asfixiados ou ter uma falsa sensação de saciedade, definhando ao longo do tempo”, alertou Turra.
A degradação do plástico em microplásticos também cria riscos à saúde humana, já que peixes que ingerem essas partículas podem ser consumidos por pessoas. Além disso, o lixo pode danificar motores, hélices e sistemas de refrigeração de embarcações, prejudicando a navegação.
Desde 1972, resoluções internacionais proíbem o descarte de lixo não orgânico no mar. No entanto, muitos navios ainda violam essas regras, principalmente porque os portos cobram taxas variáveis para recolher o lixo. Turra sugere que a solução seria estabelecer uma taxa fixa, independentemente da quantidade de lixo, e multar navios que não fazem a separação adequada.
Fonte: Agora RN