VENDAS DE PEIXE EM NATAL DESABAM APÓS CASOS DE INTOXICAÇÃO ALIMENTAR
Peixarias e comerciantes de pescados sofrem com queda nas vendas em Natal. O prejuízo ocorre após o registro de casos de intoxicação envolvendo o consumo de peixes em um restaurante da cidade. A principal suspeita é que as pessoas tenham tido um quadro de Ciguatera. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), já são 13 notificações. Os casos estão sendo investigados.
O AGORA RN visitou, nesta segunda-feira 12, estabelecimentos que comercializam pescados para entender o impacto gerado com os casos. Elias Barbosa, proprietário de uma peixaria na zona Sul de Natal há 32 anos, afirmou que teve uma baixa de 70% nas vendas após as ocorrências de suspeita de intoxicação. “A gente vendia na faixa de 100 a 120 quilos [de peixe]. Eu não vendi nem 20 quilos”, disse.
Elias explicou que a população está com medo de comprar os peixes, sejam eles de água doce ou salgada. “A população está toda assustada, ninguém está comendo peixe não”, argumentou. Ele também relatou que o único pescado que foi vendido no seu estabelecimento nos últimos dias foi o da espécie tilápia, de água doce. A intoxicação, por sua vez, teria ocorrido nos pacientes após o consumo de peixes da espécie dourado.
“O povo chega ao lado falando da notícia de que os peixes foram todos contaminados por causa dessa ocorrência que teve no restaurante”, relatou. Elias também ressaltou que, durante os 32 anos que trabalhou como comerciante na peixaria, nunca ouviu sobre casos de intoxicação alimentar a partir dos pescados.
No Mercado do Peixe, na zona Leste de Natal, o comerciante Lúcio Rodrigues também apontou a queda de vendas no local. Ele alegou que a movimentação no estabelecimento diminuiu e disse que as pessoas estão com medo de comer peixe, mas também criticou os compradores que não buscam conhecer melhor os casos de suspeita de intoxicação. “Estão com medo de comer [peixe], mas tem pessoas ignorantes, tem a ignorância do ser humano”, argumentou.
Lúcio também cobrou uma investigação mais aprofundada sobre o caso. “O pescado não tem culpa. Vamos ver o tipo de armazenamento que o restaurante tem. O fornecedor, de onde veio esse peixe, porque daqui do Rio Grande do Norte não pode ter sido”, defendeu.
“Deveria existir uma fiscalização envolvendo até a Polícia Civil. Olhar os temperos que tem lá, os prazos de validade do condimento que tem dentro do restaurante. O que acontece é que a gente, pequeno, sofre com essas coisas”, disse Lúcio.
A Secretaria Municipal de Saúde de Natal, por meio do Departamento de Vigilância em Saúde (DVS), informou que equipes do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) e a da Vigilância Sanitária de Natal (Visa Natal) estiveram no estabelecimento no dia 7 de maio e continuam realizando a investigação sobre a suspeita de intoxicação alimentar.
O alimento foi recolhido no local e foi encaminhado para o Laboratório Central do Rio Grande do Norte (Lacen). As amostras, no entanto, foram enviadas para serem analisadas em uma instituição no Sul do Brasil. De acordo com a SMS, a previsão é de que o resultado deve ser revelado após 30 dias.
O DVS entrou em contato com 34 das 35 pessoas que estavam no restaurante no dia do consumo dos pescados e concluíram que, dessas pessoas, 13 apresentaram sintomas, enquanto três foram hospitalizadas. Todas as pessoas estão bem e continuam sendo monitoradas.
Saiba mais
A ciguatera é uma forma de intoxicação alimentar causada pela ingestão de peixes que acumulam toxinas produzidas por microalgas comuns em recifes de corais. Essas toxinas não são destruídas pelo cozimento ou congelamento e se concentram ao longo da cadeia alimentar, afetando principalmente peixes carnívoros de grande porte.
Os sintomas da ciguatera incluem náuseas, vômitos, diarreia, dores musculares, formigamento, inversão da percepção de quente e frio e, em casos mais graves, distúrbios neurológicos prolongados. Não existe antídoto específico.
Fonte: AGORA RN