COREN-RN APONTA FALTA DE PROFISSIONAIS E ESTRUTURA PRECÁRIA NO HOSPITAL REGIONAL DE CAICÓ
Foto: Raiane Miranda
O Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Norte (Coren-RN) realizou uma fiscalização no Hospital Regional de Caicó e constatou falta de profissionais, estrutura inadequada e dificuldades na comunicação interna, comprometendo o atendimento aos pacientes. O presidente do Coren-RN, Egídio Júnior, relatou que a situação da unidade é preocupante, com déficit de enfermeiros e técnicos de enfermagem e ausência de infraestrutura básica.
“Há remanejamento constante de profissionais entre setores, o que prejudica a adaptação e compromete a qualidade da assistência”, afirmou Egídio. Além disso, o hospital não possui uma rede de ramais telefônicos internos, dificultando a comunicação entre as equipes. “Os profissionais precisam usar seus celulares pessoais ou se deslocar fisicamente para chamar médicos ou resolver emergências”, explicou.
A sobrecarga de trabalho aumenta o risco de erros no atendimento, especialmente em setores críticos como Sala Verde e Sala Amarela, que possuem número reduzido de profissionais para uma alta demanda de pacientes. “O tempo de resposta às emergências é afetado pela falta de estrutura, o que compromete a segurança dos pacientes”, alertou o presidente do Coren-RN.
A fiscalização também identificou falta de insumos essenciais, como materiais para banho no leito e lençóis, além de uso inadequado de materiais improvisados, o que pode aumentar o risco de infecção hospitalar. “O hospital enfrenta dificuldades no abastecimento de medicamentos e equipamentos básicos para a assistência”, destacou Egídio.
Após a visita técnica, o Coren-RN elaborou um relatório que será encaminhado à Secretaria Estadual de Saúde Pública (SESAP). O Conselho também pretende formalizar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) junto ao Ministério Público para exigir providências. “Já há uma reclamação pré-processual em andamento para pressionar o governo estadual a tomar medidas”, informou Egídio.
O Coren-RN reforçou que sua atuação não inclui a fiscalização da gestão hospitalar, mas sim das condições de trabalho dos profissionais de enfermagem. Segundo o Código de Ética da categoria, os profissionais têm o direito de se recusar a trabalhar em condições inadequadas que coloquem em risco a segurança dos pacientes.
O Conselho anunciou que intensificará fiscalizações em unidades básicas de saúde na região do Seridó, podendo até determinar interdição ética em locais onde a estrutura for considerada precária. “Nosso objetivo é garantir que os profissionais não sejam expostos a condições inseguras e que a população receba atendimento adequado”, afirmou Egídio.
Além da fiscalização, o Coren-RN tem promovido ações para valorizar a enfermagem no Seridó, com aumento do número de enfermeiros na região, incentivo à capacitação profissional e realização de palestras e eventos. “Os profissionais têm buscado qualificação para aprimorar a assistência, mas precisam de condições adequadas para exercer seu trabalho”, ressaltou.
O Coren-RN também acompanha o caso das cirurgias de catarata realizadas em Parelhas, investigando possíveis falhas na esterilização dos materiais utilizados. Um relatório já foi enviado às autoridades, mas a entidade aguarda resposta do município sobre as providências adotadas. “A Justiça determinou indenizações aos pacientes prejudicados, mas ainda buscamos aprofundar a investigação para identificar responsabilidades”, explicou Egídio.
Egídio Júnior reforçou o compromisso do Coren-RN com a fiscalização e valorização da enfermagem, cobrando melhorias na infraestrutura e o reconhecimento salarial da categoria. “Precisamos que o governo implemente o piso salarial da enfermagem e adote medidas para garantir segurança e qualidade no atendimento à população”, finalizou.
Fonte: Agora RN