VIGILÂNCIA SANITÁRIA INVESTIGA CASO DE 8 PACIENTES COM SUSPEITA DE INTOXICAÇÃO APÓS COMEREM PEIXE EM RESTAURANTE DE NATAL
Foto: Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabugi
Pelo menos oito pessoas passaram mal e deram entrada em serviços de saúde da capital, nesta semana, com suspeita de intoxicação após o consumo de peixe em um restaurante da capital. O caso é investigado por órgão de saúde do município.
Pelo menos dois pacientes seguem internados, segundo a Secretaria de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap), que acompanha a investigação aberta pelo município. O caso é tratado como surto, por ter dois ou mais envolvidos.
A Secretaria de Saúde de Natal confirmou que equipes de Vigilância em Saúde e Vigilância Sanitária visitaram o restaurante nesta quarta-feira (7) e coletaram amostras dos alimentos.
“Durante a visita, foram coletadas amostras dos alimentos que foram enviadas para análise no Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Lacen)”, informou em nota.
Os casos ocorreram menos de um mês após a Sesap emitir uma nota técnica orientando profissionais da área sobre a possibilidade de casos de intoxicações por consumo de pescados. Entre as intoxicações, o documento destacava a ciguatera.
“É importante destacar que, nestes casos desta semana, a gente não tem a confirmação ainda de que há contaminação do peixe pela toxina e de que é um diagnóstico de ciguatera. Existem vários diagnósticos que estão sendo investigados”, considerou Diana Rêgo, coordenadora de Vigilância em Saúde do RN.
Nota técnica
Coordenadora de vigilância em saúde da Sesap fala sobre suspeita de intoxicação
A nota técnica publicada no dia 16 de abril apontava que a ciguatera é uma intoxicação alimentar comum em regiões do Mar do Caribe e dos oceanos Pacífico e Índico, “sendo um perigo pouco conhecido no Brasil, apesar da sua ocorrência comum em regiões endêmicas”.
Uma dessas regiões é a Ilha de Fernando de Noronha, no Estado de Pernambuco, e que fica próxima ao Rio Grande do Norte.
Como ocorre a intoxicação
Segundo o documento, a intoxicação nos humanos ocorre em após uma cadeia que começa nos recifes de corais:
Ciguatoxinas são toxinas potentes que se originam do Gambierdiscus toxicus, um pequeno organismo marinho que cresce em recifes de corais e ao redor deles.
Esses organismos são ingeridos por peixes herbívoros e passam pela cadeia alimentar marinha para os peixes carnívoros.
As toxinas chegam aos humanos por meio do consumo desses peixes. Elas são concentradas no fígado, intestinos, ovas e cabeças dos peixes.
Segundo a nota, as ciguatoxinas não têm cor, sabor ou cheiro e não podem ser destruídas pelo cozimento ou congelamento convencional. Também não há tratamento específico para a ciguatera
Sintomas
Os sintomas apresentados são divididos em três áreas:
Sintomas Gastrointestinais: Começam dentro de pouco minutos ou até aproximadamente 48 horas, com dores abdominais; náuseas; vômitos e diarreias.
Manifestações Neurológicas: geralmente duram de alguns dias a várias semanas, mas podem persistir por meses ou até anos. Dentre elas, disestesia paradoxal (inversão térmica); astenia, parestesias; disestesias intensas periorais na boca, faringe, tronco, órgãos genitais, períneo e extremidades; cefaleias; mialgias e/ou cãibras; sabor metálico na boca; fraqueza muscular e visão turva.
Alterações cardiovasculares: são transitórias e eventuais, tais como, bradicardia; hipotensão arterial; bloqueio da condução cardíaca ou choque cardiogênico.
O tratamento atual consiste basicamente em cuidados sobre o sintomas e de suporte para aliviar sinais clínicos do paciente, como hidratação, medicações para alívio dos sintomas, acompanhamento médico e repouso.
Fonte: g1RN