Foto: Pedro Henrique Brandão/Jovem Pan News Natal
Nas últimas décadas, a pressão arterial de “12 por 8” (120/80 mmHg) era vista como o padrão ideal de saúde cardiovascular. No entanto, mudanças nas diretrizes médicas recentes apontam que essa medida, antes considerada normal, agora já pode ser vista como um sinal de alerta. O cardiologista Ferdinand Saraiva explicou que apesar da nova diretiz, o Brasil ainda segue a norma de que 14 po 9 (140/90 mmHg) é o diagnóstico de hipertensão.
A hipertensão arterial é uma das principais causas de problemas como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência renal e outros problemas cardiovasculares. Por ser uma doença silenciosa, muitas pessoas não percebem que têm hipertensão até que sofram uma complicação. A revisão das diretrizes busca justamente evitar que isso aconteça. “Temos essa faixa intermediária de 12 a 14 e de 7 a 9 que é a ‘faixa de pressão elevada’. De 14 por 9, ou mais, implica em um risco cardiovascular elevado, onde se está sob risco de infarto, AVC, insuficiência cardíaca. Pressão 12 por 7 para baixo, não há risco associado com hipertensão.”, explicou o especialista.
Saraiva explica que níveis mais baixos de pressão arterial são preferíveis para reduzir o risco de complicações, como infartos e AVCs, especialmente em pessoas com fatores de risco adicionais. Pacientes que possuem diabetes, colesterol alto, doença real e outras doenças, precisam ficar atentos com a hipertensão.
A Sociedade Europeia de Cardiologia alterou as diretrizes com base em estudo que demonstrou que indivíduos com pressão arterial mais baixa (em torno de 11 por 7 ou até menos) tiveram uma redução significativa em eventos cardiovasculares, quando comparados a pessoas com a pressão considerada “normal” de 12 por 8. Isso levou associações médicas a revisarem seus parâmetros, no entando, no Brasil ainda segue a diretiz de 14 por 9 para hipertensos.
Com a nova norma, Ferdidand explicou que a recomendação é de que, a partir de 120/80 mmHg, a pressão já seja considerada “elevada”, especialmente para pessoas com histórico familiar de hipertensão, diabetes, colesterol alto ou estilo de vida sedentário. O objetivo desta nova faixa é intervir de maneira preventiva, antes que a pressão suba para patamares mais perigosos.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1,13 bilhão de pessoas no mundo são hipertensas. No Brasil, estima-se que aproximadamente 30% da população adulta sofra com a pressão alta, de acordo com o Ministério da Saúde.
O que significa a pressão “12 por 8”?
Ferdinand explica que a pressão arterial é medida em milímetros de mercúrio (mmHg) e é composta por dois números: a pressão sistólica (12 ou 120 mmHg), que corresponde à força com que o sangue é bombeado pelo coração nas artérias; e a diastólica (8 ou 80 mmHg), que é a pressão nas artérias quando o coração está em repouso entre os batimentos. Tradicionalmente, valores em torno de 12 por 8 eram considerados normais, enquanto qualquer número acima de 14 por 9 (140/90 mmHg) indicava hipertensão.
Por que 12 por 8 é considerada alta?
Segundo o cardiologista Ferdinand Saraiva, a pressão 12 por 8, embora pareça normal, já começa a sobrecarregar os vasos sanguíneos e o coração ao longo do tempo. Ele explica que, mesmo que esses níveis não causem sintomas imediatos, podem contribuir, de forma silenciosa, para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares a médio e longo prazo.
Outro ponto levantado por Saraiva é que fatores como estresse, alimentação rica em sódio, excesso de peso e falta de atividade física podem agravar o quadro.
Confira as principais faixas de classificação de pressão arterial:
– Pressão normal: inferior a 120/80 mmHg
– Pressão elevada: entre 120/80 mmHg e 129/84 mmHg
– Hipertensão estágio 1: entre 130/85 mmHg e 139/89 mmHg
– Hipertensão estágio 2: igual ou superior a 140/90 mmHg
Essas categorias são usadas pelos médicos para definir estratégias de tratamento, que podem incluir mudanças no estilo de vida, como dieta e exercícios, e, em casos mais graves, o uso de medicações anti-hipertensivas.
Como prevenir e tratar a hipertensão
Diante das novas diretrizes, os especialistas recomendam medidas preventivas para manter a pressão arterial sob controle. Entre as principais dicas estão:
– Redução do consumo de sal: A ingestão de sódio deve ser limitada, pois o sal em excesso aumenta a pressão arterial.
– Prática regular de exercícios: Atividades físicas ajudam a controlar o peso e a fortalecer o sistema cardiovascular.
– Alimentação saudável: O consumo de frutas, verduras, legumes e grãos integrais auxilia na manutenção da saúde arterial.
– Controle do estresse: Técnicas de relaxamento, como meditação e yoga, podem contribuir para a diminuição da pressão.
– Abandono do tabagismo: O cigarro é um dos principais fatores de risco para doenças cardíacas e hipertensão.
Fonte: Tribuna do Norte