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A Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) divulgou novas diretrizes que redefinem os parâmetros de pressão arterial considerados normais. De acordo com as orientações, valores entre 12/7 e 13/8 mmHg agora se enquadram em uma categoria intermediária denominada “pressão elevada”, e não mais em pressão “normal”. Este novo parâmetro precede o diagnóstico de hipertensão e reflete evidências científicas sobre o impacto gradual de diferentes níveis de pressão na saúde cardiovascular.
O especialista John William McEvoy, do Instituto Nacional de Prevenção e Saúde Cardiovascular da Irlanda, ressalta que a mudança acompanha estudos recentes, os quais apontam que “o risco de doenças cardiovasculares atribuível à pressão alta está em uma escala de exposição contínua, e não é uma escala binária de normotensão versus hipertensão”.
Entendendo os novos limites
Aurora Issa, diretora do Instituto Nacional de Cardiologia, explica que manter uma pressão baixa é benéfico para a saúde cardiovascular, mesmo que a pressão individual de cada paciente varie. Já a cardiologista Ana Amaral, do Hospital Pró-Cardíaco, enfatiza que valores mais baixos, como 10/6 mmHg, podem ser normais desde que o paciente não apresente sintomas como sonolência ou mal-estar.
Com a introdução da categoria “pressão elevada”, pessoas com pressão entre 120 e 139 mmHg (sistólica) ou 70 e 89 mmHg (diastólica) são orientadas a adotar medidas de controle, como mudanças no estilo de vida. A pressão arterial considerada hipertensiva continua definida por valores iguais ou superiores a 140/90 mmHg.
As diretrizes atuais da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) classificam como normal uma pressão de 12/7 mmHg. No entanto, com a publicação prevista de novas diretrizes para 2025, a SBC planeja adotar recomendações similares às da ESC. Segundo Fábio Argenta, membro da Comissão de Ética Profissional da SBC, “há uma forte tendência de seguirmos as diretrizes europeias”, com a intenção de alertar a população sobre os riscos cardiovasculares que aumentam gradativamente a partir de 12/7 mmHg.
Ana Amaral aponta que o tratamento pode ser recomendado para pacientes na faixa de “pressão elevada” que tenham histórico de problemas cardíacos. Nessas situações, são indicadas mudanças no estilo de vida e, em casos mais persistentes, o uso de medicamentos.
As novas normas europeias também sugerem que o diagnóstico de hipertensão considere medições domiciliares para evitar efeitos do “avental branco”, fenômeno em que a pressão do paciente aumenta devido à ansiedade causada pela presença do médico. A SBC adota essa prática desde abril de 2024, recomendando a medição fora do consultório para uma avaliação mais precisa.
Os métodos de Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA) e Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) são os recomendados para medições em casa. No MRPA, o paciente mede a pressão em casa de manhã e à noite por cinco dias consecutivos, enquanto o MAPA utiliza um monitor que registra a pressão em intervalos regulares ao longo de 24 horas.
A importância de medir a pressão arterial em casa
Para realizar o MRPA corretamente, o paciente deve seguir os passos abaixo:
- Estar em ambiente silencioso e confortável;
- Evitar fumar, ingerir cafeína ou praticar exercícios por pelo menos 30 minutos antes;
- Permanecer em repouso por pelo menos cinco minutos;
- Sentar-se com as costas apoiadas, pernas descruzadas e braço na altura do coração.
Para o MAPA, o monitor é instalado por um profissional e permanece na cintura do paciente por 24 horas. Durante o exame, é importante:
- Evitar atividades físicas e manter o braço imóvel durante as medições;
- Não deitar-se sobre o braço com o manguito nem expor o equipamento à água.
No Brasil, dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) apontam que 386 mil mortes por doenças cardiovasculares foram registradas em 2023, sendo 54% atribuídas à hipertensão. Aurora Issa reforça que a pressão alta afeta órgãos vitais a longo prazo, com impacto em doenças cardíacas, derrames e insuficiência renal.
Fonte: Poti News