Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
O Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita, celebrado no terceiro sábado de outubro, chama a atenção para uma das mais comuns Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) no Brasil. Especialistas do Hospital Universitário Ana Bezerra (Huab-UFRN) e da Maternidade Januário Cicco (Mejc-UFRN), da Rede Ebserh, alertam para a prevenção e para o tratamento rápido da sífilis
Em alusão a data de combate à sífilis, o Huab-UFRN irá promover no dia 23 de outubro, a realização de testagens para sífilis, distribuição de preservativos e rodas de conversa sobre o combate à sífilis. O público-alvo da ação será a população e funcionários do Huab, é esperada a participação de 80 pessoas.
A Infectologista do Huab, Vanessa Melo, destaca que a ação tem o objetivo de discutir diversos assuntos em torno das consequências da sífilis congênita, e ressalta “aborto espontâneo, parto prematuro, malformação do feto, surdez, cegueira, deficiência mental e mesmo a morte do bebê ao nascer podem ser as consequências de uma sífilis congênita, transmitida para a criança durante a gestação ou parto, quando não descoberta e não tratada. Por isso, devemos conscientizar a população da importância de fazer o diagnóstico precoce e tratamento adequados”.
De acordo com a especialista, as ações que abrangem a comunidade são importantes para redução da prevalência de doenças infectocontagiosas, a exemplo de sífilis.
Da falta de sintomas às sequelas graves
A sífilis é caracterizada por uma pequena ferida nos órgãos sexuais (cancro duro), que surgem entre 14 e 21 dias após a relação sexual desprotegida com pessoa infectada pela bactéria Treponema pallidum e de difícil percepção na genitália interna feminina, sendo essa a fase primária. A etapa seguinte é marcada por manchas brancas ou acinzentadas na pele e presença de sintomas como febre, dor articular e ínguas (caroços) nas virilhas. A doença pode agravar e chegar à fase de latência, podendo não ocorrer manifestação durante anos, mas com grave comprometimento do sistema nervoso central e surgimento de doença cardiovascular após décadas.
Vanessa Melo comenta que o processo de diagnóstico pode ser feito na Unidade Básica de Saúde, por meio do teste rápido, com a coleta de uma gota de sangue ou em qualquer laboratório com coleta de sangue da veia. “O tratamento é feito por meio de antibióticos cujo tempo depende do estágio da doença”, destaca a infectologista.
Sífilis congênita
A ginecologista da Mejc-UFRN, Maria Medeiros Garcia, explica que, para a mãe, o risco é a sífilis não tratada chegar à fase terciária e surgirem lesões nos sistemas nervoso central, cardiovascular, ocular e ósseo. “Para o feto ou para o recém-nascido, as alterações podem variar desde uma infecção assintomática, abortamentos, malformações, partos prematuros, óbito, ou sintomática apenas após o nascimento”, aponta a especialista.
A médica ressalta que em mais de 50% das crianças infectadas os sintomas só surgem, geralmente, após os primeiros 3 meses de vida ou até após o terceiro ano de vida. “As principais alterações da sífilis congênita precoce são rinite, rash cutâneo, febre, hepatomegalia, icterícia, anormalidades esqueléticas, linfoadenopatia e meningite”, completa Garcia.
Maria Garcia comenta que devido ao atual cenário epidemiológico, caracterizado pela dificuldade na classificação correta do estágio clínico da pessoa com sífilis, o Ministério da Saúde recomenda tratar todas as parcerias sexuais dos últimos 90 dias de pacientes diagnosticados com sífilis como forma de frear novos contágios.
Fonte: Tribuna do Norte