O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) determinou, na manhã deste sábado (5), que Pablo Marçal (PRTB) exclua das suas redes sociais vídeos em que faz referência a um laudo que relata um suposto uso de cocaína por parte de Guilherme Boulos (PSOL).
Na decisão de hoje, o juiz Rodrigo Marzola Colombini, da 2ª Zona Eleitoral, aponta indícios de falsidade do documento divulgado por Marçal.
“Há plausibilidade nas alegações [dos autores da representação], envolvendo não apenas a falsidade do documento, a proximidade do dono da clínica em que gerado o documento com o requerido Pablo Marçal, documento médico assinado por profissional já falecido e a data em que divulgados tais fatos, justamente na antevéspera do feito”, afirmou o juiz.
O magistrado determinou ainda que Marçal apresente defesa em até dois dias.
A CNN entrou em contato com a campanha de Marçal para comentar a decisão deste sábado e aguarda retorno.
Entenda o caso
Na noite de sexta-feira (4), Marçal publicou em suas redes sociais um receituário médico em que era dito que Boulos, no dia 19 de janeiro de 2021, havia sido atendido na clínica médica Mais Consulta, no bairro do Jabaquara, na zona sul de São Paulo, com “quadro de surto psicótico grave, em delírio persecutório e ideias homicidas”.
Segundo o documento, Boulos ainda teria “apresentado período de confusão mental e episódio de agitação”. E, que um exame toxicológico externo apresentando por um acompanhante de Boulos indicava positivo para benzolimetilecgonina (cocaína).
De acordo com Boulos, o dono da clínica, Luiz Teixeira, seria um apoiador de Marçal e teria falsificado o documento.
O registro de médico que aparece no receituário postado por Marçal é de José Roberto de Souza e está inativo por falecimento.
“Primeiro, o dono da clínica do documento que ele publica tem um vídeo com o Pablo Marçal. É apoiador dele, que nós vamos publicar aqui no meu Instagram esse vídeo assim que eu terminar a live. Falsificou o documento o dele, usando um CRM de um médico que faleceu há dois anos, para que ninguém possa ser responsabilizado como médico”, declarou Boulos.
Ainda de acordo com o candidato do PSOL, no dia posterior ao que consta no prontuário médico, ele estava na Comunidade do Vietnã, na zona sul, “fazendo distribuição de cesta básica”.
Instagram tira do ar publicação de Marçal
A publicação em que o candidato Marçal acusava Boulos de uso de cocaína foi retirada do ar pelo Instagram ainda na sexta.
A publicação ficou disponível por cerca de 1 hora e 30 minutos.
Marçal publicou um print da remoção do conteúdo e disse: “O Instagram removeu a minha publicação. Parabéns pela democracia de esquerda. Acha isso justo?”
Médico que assina suposto prontuário sobre Boulos está morto, diz CFM
O médico que assina o suposto prontuário de cocaína contra Boulos está morto, de acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM).
No documento consta o nome de José Roberto de Souza, que tem o cadastro de médico inativo.
Boulos mostra que estava em outro local no dia
Postagens compartilhadas pela campanha de Boulos mostram que o candidato estava em outro local no dia em que supostamente aconteceu a internação e no posterior.
Em 19 de janeiro de 2021, Boulos se encontrou com o vereador Emerson Osasco (PCdoB), da cidade da Grande São Paulo.
“Essa tarde pude encontrar o meu parceiro Guilherme Boulos para conversar sobre políticas públicas e mudanças efetivas para nossas cidades no campo progressista”, publicou Emerson.
No dia seguinte, 20 de janeiro de 2021, o candidato do PSOL estava na Comunidade do Vietnã, na zona sul, na campanha de solidariedade do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) durante a pandemia.
Boulos pedirá prisão de Marçal
Também na sexta, Boulos disse que pedirá a prisão de Pablo Marçal (PRTB) após a acusação de Marçal.
“Agora chegou num limite para ele. Nós estamos entrando agora à noite com o pedido de prisão do Pablo Marçal na Justiça Criminal dele e do dono da clínica. Um pedido de prisão de ambos. Além de logicamente de todas as medidas cabíveis na Justiça Eleitoral”, afirmou Boulos.
Fonte: CNN